A segurança de estruturas de barramentos tem recebido mais atenção nos últimos anos devido a acidentes ocorridos. O descomissionamento de barragens de rejeitos se tornou um assunto comum em várias indústrias, mesmo para aqueles sem contato anterior com atividades mineradoras. Este artigo apresentará o estudo mais avançado sobre projetos de descomissionamento de barragens em todo o mundo, abordando os principais aspectos dessa atividade crucial, como definição, etapas, tipos de barragens, causas de rompimento, alternativas para disposição de rejeitos e melhores práticas de monitoramento.
Principais Destaques
- A segurança de estruturas de barramentos tem recebido mais atenção nos últimos anos devido a acidentes ocorridos.
- O descomissionamento de barragens de rejeitos se tornou um assunto comum em várias indústrias, mesmo para aqueles sem contato anterior com atividades mineradoras.
- Diversas nomenclaturas são utilizadas para descomissionamento de barragens, como fechamento de barragens, desativação, descaracterização, remoção, entre outras.
- O descomissionamento pode envolver a retirada dos rejeitos armazenados, e alguns especialistas consideram que é essencial remover completamente a estrutura e os rejeitos para que seja considerado um descomissionamento completo.
- Antes de iniciar o descomissionamento, estudos ambientais e avaliações hidrológicas da bacia são considerados, bem como a avaliação da fauna, flora e comunidade da região.
O que é descomissionamento de barragens
O descomissionamento de barragens é o processo pelo qual as atividades de uma estrutura de barramento são encerradas e a área é preparada para se tornar estável a longo prazo. Esse processo pode envolver desde a retirada total dos rejeitos armazenados até a simples garantia de que o local não mais desempenhe a função de barramento e esteja em condições seguras e estáveis.
Definição e diferentes nomenclaturas
Existem diversas terminologias utilizadas para se referir ao descomissionamento de barragens, como fechamento de barragens, desativação, descaracterização, remoção e abandono. Independentemente da nomenclatura adotada, o objetivo é assegurar a recuperação das áreas degradadas, considerando aspectos físicos, bióticos e socioeconômicos.
Etapas e objetivos do processo
As etapas do descomissionamento visam garantir a segurança da estrutura e a estabilidade do local a longo prazo. Isso pode envolver a drenagem e remoção dos rejeitos, o tratamento da área e a implementação de medidas de recuperação ambiental. O processo é complexo e requer estudos aprofundados para minimizar riscos e assegurar a sustentabilidade da área após o encerramento das atividades.
Como realizar o descomissionamento de barragens?
Para que haja um descomissionamento efetivo de barragens, alguns estudos prévios precisam ser realizados. Esses estudos incluem análises detalhadas do material de construção da estrutura, sua finalidade original, o material contido no reservatório e a região do barramento. Além disso, estudos ambientais, avaliações hidrológicas da bacia, inventário sobre a fauna e flora da área e a caracterização da comunidade em volta da estrutura também são considerados antes de iniciar o trabalho.
Estudos prévios necessários
Com base nessas informações, é possível criar um plano de trabalho que garanta que, após o descomissionamento, a área tenha um uso compatível com suas aptidões físicas, bióticas e socioeconômicas. Esse planejamento leva em consideração as características específicas de cada barragem, visando mitigar os impactos ambientais, hidrológicos e sociais decorrentes do processo.
Considerações ambientais, hidrológicas e sociais
A avaliação ambiental é fundamental para identificar e minimizar os possíveis danos à flora, fauna e recursos hídricos da região. Além disso, a análise hidrológica da bacia é crucial para entender os impactos do descomissionamento no regime de água e mitigar riscos de inundações ou secas. Por fim, as considerações sociais envolvem o diálogo com a comunidade afetada, a fim de garantir que suas necessidades e preocupações sejam devidamente atendidas durante e após o processo.
Portanto, o descomissionamento de barragens requer um planejamento minucioso, baseado em estudos prévios abrangentes, para que a transição seja realizada de forma segura e sustentável para o meio ambiente e a população local.
Prós e contras do descomissionamento
O descomissionamento de barragens é um processo complexo que envolve riscos, mas também traz benefícios significativos. De acordo com a pesquisa, foram identificados 105 artigos sobre o descomissionamento de barragens de rejeitos publicados desde 1983, sendo que apenas seis deles discutem os impactos ambientais desses trabalhos. Essa lacuna reflete a necessidade de uma análise mais aprofundada dos riscos e benefícios envolvidos nesse processo.
Riscos ambientais
Um dos principais desafios do descomissionamento é lidar com os riscos ambientais. Esses riscos incluem a contaminação do lençol freático e do solo, alterações nas vazões dos corpos hídricos naturais e impactos negativos na fauna e flora da região. É fundamental que os estudos prévios e o planejamento do descomissionamento considerem esses aspectos para minimizar os danos ao meio ambiente.
Benefícios e usos futuros da área
Apesar dos riscos, o descomissionamento também traz benefícios significativos. Após o processo, a região impactada pode ser destinada a diversas finalidades, como abastecimento de água, lazer, reaproveitamento imobiliário, restauro ambiental, conservação, pesquisa, turismo e valorização cultural. A definição do melhor uso futuro deve considerar as aptidões da região em seus aspectos físicos, bióticos e socioeconômicos.
O planejamento do descomissionamento deve ter como objetivos a saúde e segurança social, a eliminação de danos ambientais, o retorno do solo à sua condição original e a geração de benefícios sociais e econômicos para a comunidade. Dessa forma, o descomissionamento pode se tornar uma solução para eliminar riscos e desastres ambientais, além de possibilitar a geração de receitas com o reaproveitamento dos rejeitos.
Riscos | Benefícios |
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“O planejamento do descomissionamento deve considerar a saúde e segurança social, eliminação de danos ambientais, retorno do solo à sua condição original e benefícios sociais e econômicos para a comunidade.”1
Quando iniciar o descomissionamento?
O descomissionamento de barragens deve ser considerado durante todo o período de operação da estrutura, principalmente devido aos investimentos necessários para realizar o projeto. As ações devem ocorrer já no período de atividade da barragem, sempre que possível. No planejamento, é essencial levar em conta a proteção da saúde e segurança social, a mitigação ou eliminação de danos ambientais, o retorno do solo à sua condição original ou uma alternativa aceitável de uso produtivo da terra, e propiciar benefícios sociais e econômicos para a comunidade. O tempo de execução do descomissionamento varia de acordo com as particularidades de cada barragem.
De acordo com os dados, o descomissionamento de barragens construídas pelo método de alteamento a montante é obrigatório no país, e a Vale estima concluir o descomissionamento de mais 5 estruturas até 2022. Além disso, mais de 80% da mão de obra local será utilizada nos trabalhos de descomissionamento em Itabira (MG), e a estrutura do Dique 4 da barragem Pontal em Itabira (MG) contém cerca de 3,7 milhões de metros cúbicos de rejeitos.
Infelizmente, menos de 20% das estruturas construídas com o método de alteamento a montante em Minas Gerais tiveram o processo de descomissionamento concluído. A Vale é a mineradora com o maior número de barragens utilizando o método a montante no Brasil, e a ANM estabeleceu prazos para descomissionamento de barragens aplicando diferentes datas em âmbito nacional. A conclusão do descomissionamento de 12 das 30 estruturas pela Vale representará 40% do total até o final de 2022.
Ainda, 18 estruturas no estado de Minas Gerais precisam de medidas emergenciais, conforme documento divulgado pelo Ministério Público de Minas Gerais. Três barragens da Vale em Minas Gerais estão no nível de emergência 3, indicando risco iminente de ruptura, e 31 barragens de mineração estão em alerta, com uma pertencendo à ArcelorMittal, uma à CSN, e 29 à Vale. A meta da Vale é não ter mais nenhuma barragem no nível de emergência 3 até 2025.
O processo de descomissionamento possui diversas etapas e envolve altos investimentos. A Vale estipula um período de três anos e um custo em torno de 5 bilhões de reais para descomissionar as barragens em Minas Gerais. O processo de desmonte das barragens normalmente dura cerca de 3 anos, e a eliminação de barragens pode ser feita por métodos como drenagem, transporte, separação, desmontagem e reflorestamento.
Em resumo, o descomissionamento das 38 barragens alteadas a montante ainda existentes em Minas Gerais deve ser concluído até 2035, conforme compromisso assumido por 18 mineradoras em fevereiro de 2024, garantindo a descaracterização das estruturas e o pagamento de R$ 426 milhões por danos morais coletivos. Três barragens no nível 3 de emergência – Forquilha 3 (Ouro Preto), Sul Superior (Barão de Cocais) e Serra Azul (Itatiaiuçu) – requerem ações urgentes.
Tipos de barragens de rejeitos
As barragens de rejeito, estruturas essenciais para a indústria de mineração, podem ser classificadas em três principais tipos: barragem de alteamento a jusante, barragem por alteamento a montante e barragem de linha de centro. Entender as diferenças entre esses sistemas é crucial para garantir a segurança e a sustentabilidade das operações.
Barragem de alteamento a jusante
A barragem de alteamento a jusante é considerada a mais segura das três opções. Sua estrutura se assemelha a uma pirâmide, com cada novo rejeito adicionado empurrando a barragem para frente, ou seja, a jusante. Essa configuração confere maior estabilidade à estrutura.
Barragem por alteamento a montante
Em contraste, a barragem por alteamento a montante é vista como a menos segura. Nesse método, o próprio rejeito depositado é utilizado para elevar a estrutura da barragem, o que a torna suscetível a falhas. Esse tipo de barragem foi proibido no Brasil desde 2020, devido aos inúmeros casos de rompimentos catastróficos.
Barragem de linha de centro
Por fim, a barragem de linha de centro representa um sistema intermediário entre os dois anteriores em termos de custos e segurança. Nela, a elevação da estrutura é feita de forma simétrica, com o eixo central da barragem permanecendo no mesmo local.
A escolha do tipo de barragem a ser utilizada depende de diversos fatores, como a geologia local, as características do rejeito, os custos de implantação e manutenção, e, acima de tudo, a segurança das comunidades e do meio ambiente.
“A segurança das barragens de rejeitos é um desafio complexo, que exige uma abordagem minuciosa e contínua por parte das empresas e autoridades responsáveis.”
Portanto, compreender as diferenças entre os tipos de barragens de rejeitos é essencial para garantir a implementação de soluções mais seguras e sustentáveis no setor de mineração.
Por que as barragens de rejeito se rompem?
As rupturas em barragens de rejeitos são uma preocupação constante, pois podem causar devastação ambiental e perda de vidas humanas. Essas rupturas ocorrem principalmente devido a duas razões principais: fenômenos naturais e falhas humanas.
Causas naturais
Fenômenos naturais, como terremotos e tempestades, podem impactar severamente as barragens e desencadear seu rompimento. Áreas de mineração na região sudeste do Brasil são especialmente propensas a esses eventos durante os meses de novembro, dezembro e janeiro, devido às chuvas intensas que aumentam os riscos de galgamento e erosão de cisalhamento.
Falhas humanas
No entanto, a principal causa dos rompimentos de barragens no mundo, inclusive no Brasil, é decorrente de falhas humanas. Desde a escolha do local inadequado até problemas na operação e monitoramento, a falta de fiscalização e manutenção adequadas são os principais fatores que contribuem para esses desastres. Mesmo pequenos problemas não solucionados podem desencadear acidentes futuros se não houver um acompanhamento constante.
As barragens de rejeitos a montante, comumente utilizadas no Brasil devido ao menor custo, são conhecidas por apresentarem riscos elevados de rompimento. Após as tragédias de Mariana e Brumadinho, essa prática foi proibida no país, e a indústria de mineração tem sido pressionada a adotar métodos mais seguros e responsáveis.
É essencial que engenheiros e profissionais da área estejam cientes das falhas na execução de barragens de rejeitos a montante para evitar novas tragédias e implementar soluções mais seguras e sustentáveis.
Disposição de rejeitos em barragens
A disposição segura dos rejeitos em barragens é um desafio fundamental no processo de descomissionamento. Essa etapa requer uma estratégia cuidadosa, levando em consideração a proporção de partículas sólidas em relação à água. Uma disposição com maior quantidade de partículas sólidas e menor teor de água reduz significativamente o risco de colapso da estrutura. Além disso, o tipo de barragem escolhida influencia diretamente a técnica de disposição a ser adotada.
De acordo com a Agência Nacional de Mineração (ANM), existem 64 barragens de rejeito construídas pelo método de alteamento a montante no Sistema de Gestão de Segurança de Barragem de Mineração no Brasil. Essas estruturas devem ser descaracterizadas em um prazo de três anos, conforme determinado pela Lei nº 23.291, de 25 de fevereiro de 2019. Essa iniciativa é considerada pioneira no mundo, embora haja escassez de orientação técnica disponível.
Uma revisão sistemática realizada identificou que, dos 105 artigos publicados desde 1983 sobre soluções e desafios relacionados ao fechamento de barragens de rejeitos, apenas seis discutiram os impactos ambientais das obras de descaracterização. Isso sugere a necessidade de mais pesquisas e estudos nessa área, a fim de garantir a segurança e a sustentabilidade da disposição final dos rejeitos.
“A disposição segura dos rejeitos em barragens é um desafio fundamental no processo de descomissionamento.”
Em resumo, a disposição de rejeitos em barragens requer uma abordagem meticulosa, levando em conta a composição do material, o tipo de barragem e a segurança da estrutura. À medida que o Brasil avança no descomissionamento de barragens, é essencial investir em pesquisa e orientação técnica para garantir a disposição dos rejeitos barragens de forma segura e sustentável.
Alternativas para disposição de rejeitos
A indústria mineradora enfrenta um desafio significativo com a crescente geração de rejeitos, que representa a maior questão de risco da atividade de mineração. Após os trágicos rompimentos de barragens em Mariana (2015) e Brumadinho (2019), a sociedade tem demonstrado uma preocupação crescente com a disposição desses resíduos em estruturas de grande volume. Felizmente, existem alternativas promissoras que buscam uma gestão mais sustentável e segura desses materiais.
Beneficiamento a seco
Uma alternativa emergente é o beneficiamento a seco, que utiliza a umidade natural do material para reduzir a geração de rejeitos líquidos. Essa tecnologia, já empregada em outros países, apresenta-se como uma solução para eliminar gradualmente o uso de barragens de contenção, especialmente as construídas pelo método de alteamento a montante, consideradas as mais críticas.
Aproveitamento da lama de rejeito
Outra opção promissora é o aproveitamento da ‘lama de rejeito’ armazenada nas barragens. Estudos realizados em universidades, como a UFMG, têm demonstrado a possibilidade de transformar esses resíduos em produtos úteis, como cimento, areia e pigmentos. Estimativas da Agência Nacional de Mineração indicam que esse reaproveitamento poderia reduzir em 42% o volume de material disposto em barragens entre 2014 e 2039.
Exemplos bem-sucedidos já podem ser vistos na China, onde cerca de 25% dos rejeitos são aproveitados na produção de outros produtos, como porcelanatos. No Brasil, cidades do norte de Minas Gerais têm uma demanda significativa por calçamento e pavimentação, que poderia ser atendida pelo reaproveitamento dos rejeitos armazenados nas barragens da Vale na região de Brumadinho.
O descomissionamento de barragens também se torna cada vez mais comum, envolvendo a remoção do rejeito e a revitalização da área afetada. Essa abordagem, aliada às alternativas de beneficiamento a seco e aproveitamento da lama de rejeito, demonstra um caminho promissor para uma gestão mais sustentável e segura dos resíduos da mineração.
Monitoramento de barragens
O monitoramento contínuo de barragens é essencial para garantir a segurança e estabilidade dessas estruturas vitais. Profissionais capacitados e atualizados sobre as mais recentes tecnologias de monitoramento desempenham um papel fundamental nesse processo. A evolução tecnológica oferece diversas ferramentas que permitem uma avaliação precisa e em tempo real da integridade das barragens, possibilitando a implementação de estratégias eficazes de prevenção e intervenção.
Importância da Prevenção
Estar atualizado com essas inovações é crucial para mitigar os riscos e aumentar a segurança das barragens. Afinal, a prevenção é muito mais eficaz do que lidar com as consequências de um eventual rompimento. Somente com um monitoramento constante é possível identificar potenciais problemas e agir proativamente para evitá-los.
As tecnologias de monitoramento disponíveis atualmente permitem uma avaliação mais abrangente e precisa das condições das barragens. Do sensoriamento remoto ao uso de drones, essas ferramentas fornecem dados em tempo real sobre a integridade estrutural, a estabilidade dos taludes e a segurança das operações. Essa abordagem proativa é fundamental para prevenir desastres e garantir a proteção das comunidades e do meio ambiente.
Investir no monitoramento eficiente de barragens é uma ação crucial para a prevenção de tragédias e para a manutenção da segurança pública. Somente com esse compromisso será possível reduzir drasticamente os riscos associados a essas estruturas e garantir um futuro mais seguro para todos.
Projetos de descomissionamento de barragens em todo o mundo
O descomissionamento de barragens é um tema cada vez mais relevante no cenário global. Recentemente, a Vale, uma das principais empresas de mineração do Brasil, anunciou um plano ambicioso para desativar 10 de suas barragens com o método de alteamento a montante, o mesmo utilizado nas estruturas que se romperam em Mariana (MG) e Brumadinho (MG), causando graves tragédias. A empresa planeja esvaziar ou integrar essas barragens ao meio ambiente em um processo de três anos, com um investimento previsto de R$ 5 bilhões.
Esse movimento da Vale faz parte de uma tendência global de busca por soluções mais seguras e sustentáveis para o gerenciamento de barragens de rejeitos. Existem cerca de 50 mil grandes barragens em operação no mundo, sendo menos de 5% destinadas ao depósito de rejeitos de mineração. A maioria das barragens de rejeitos de mineração são do tipo “de terra”, sendo predominante neste segmento.
O processo de descomissionamento de barragens envolve uma série de etapas criteriosas, incluindo estudos prévios detalhados. A avaliação hidrológica da bacia é fundamental para garantir a eficácia das medidas de remediação, e a realização de estudos ambientais é essencial antes do descomissionamento para avaliar os impactos que podem ocorrer durante o processo. O tempo de execução varia de acordo com cada estrutura, sendo influenciado pela complexidade e desafios específicos de cada projeto.
Os possíveis usos futuros de uma área descomissionada incluem abastecimento de água, atividades de lazer e recreação, reaproveitamento imobiliário, restauro ambiental e turismo. Esse é um tema cada vez mais importante, à medida que empresas e governos buscam soluções sustentáveis para as barragens de rejeitos, visando promover a segurança e o desenvolvimento de suas comunidades.
Métricas Globais sobre Barragens de Rejeitos | Dados |
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Quantidade total de grandes barragens em operação no mundo | Cerca de 50 mil |
Porcentagem de barragens destinadas a depósito de rejeitos de mineração | Menos de 5% |
Tipo predominante de barragens de rejeitos de mineração | Barragens “de terra” |
Porcentagem de acidentes envolvendo barragens de terra | Chega a 70% do total |
Conclusão
O descomissionamento de barragens é uma atividade complexa e essencial para garantir a segurança das comunidades e a recuperação do meio ambiente após a atividade mineradora. Embora existam riscos envolvidos, as alternativas como beneficiamento a seco, aproveitamento da lama de rejeito e a própria remoção das estruturas demonstram que é possível uma gestão mais sustentável desses resíduos. O monitoramento contínuo e a adoção de melhores práticas são fundamentais para mitigar os riscos e promover a reintegração dessas áreas ao ecossistema.
O estudo mais avançado sobre projetos de descomissionamento de barragens em todo o mundo evidencia a importância dessa atividade e a necessidade de soluções inovadoras e eficazes. A Vale, por exemplo, planeja gastar R$5 bilhões em três anos para descaracterizar dez barragens inativas pelo método a montante. Além disso, a empresa prevê concluir seu programa de descaracterização até 2035, com um saldo de US$ 3,5 bilhões em provisões para este programa até dezembro de 2023.
Portanto, o descomissionamento de barragens é um desafio crucial que requer uma abordagem abrangente, envolvendo estudos prévios, considerações ambientais, hidrológicas e sociais, além de monitoramento contínuo e adoção de melhores práticas. Somente dessa forma, poderemos garantir a segurança das comunidades e a recuperação do meio ambiente de forma sustentável.
Qual é o estudo mais avançado sobre projetos de descomissionamento de barragens em todo o mundo?
Este artigo apresentou o estudo mais avançado sobre projetos de descomissionamento de barragens em todo o mundo, abordando os principais aspectos dessa atividade crucial, como definição, etapas, tipos de barragens, causas de rompimento, alternativas para disposição de rejeitos e melhores práticas de monitoramento.
O que é o descomissionamento de barragens?
O descomissionamento de barragens se refere ao momento em que as atividades da estrutura se encerram, ou seja, ela para de receber rejeitos e inicia a transição para se tornar uma área estável a longo prazo. Esse processo pode envolver a retirada total dos rejeitos armazenados ou apenas a garantia de que o local não tenha mais a função de barramento e esteja estável.
Quais as etapas e objetivos do processo de descomissionamento?
As etapas do descomissionamento visam assegurar a recuperação das áreas degradadas, considerando aspectos físicos, bióticos e socioeconômicos. O objetivo é garantir que, após o descomissionamento, a área tenha um uso compatível com suas aptidões físicas, bióticas e socioeconômicas.
Que estudos prévios são necessários para realizar o descomissionamento de barragens?
Alguns estudos prévios precisam ser realizados, como análise do material de construção da estrutura, sua finalidade, o material contido no reservatório e a região do barramento. Estudos ambientais, avaliações hidrológicas da bacia, inventário sobre a fauna e flora da região e a comunidade em volta da estrutura também são considerados antes de iniciar o trabalho.
Quais são os prós e contras do descomissionamento de barragens?
O descomissionamento envolve riscos, como contaminação de lençóis freáticos e solo, alterações nas vazões dos corpos hídricos, impacto visual e danos à fauna e flora. No entanto, há também ganhos importantes, como a reabilitação e o uso futuro da área impactada, que pode ser destinada a abastecimento de água, lazer, reaproveitamento imobiliário, restauro ambiental, conservação, pesquisa, turismo e valorização cultural.
Quando o descomissionamento de barragens deve ser iniciado?
O descomissionamento deve ser considerado durante todo o tempo de operação da barragem, principalmente por conta dos investimentos necessários para realizar o projeto. As ações devem ocorrer já no período de atividade da estrutura, se possível.
Quais os principais tipos de barragens de rejeitos?
As barragens de rejeito podem ser divididas em três tipos principais: barragem de alteamento a jusante, barragem por alteamento a montante e barragem de linha de centro. A barragem de alteamento a jusante é mais segura, enquanto a barragem por alteamento a montante é o método menos seguro, sendo proibido desde 2020.
Quais são as principais causas de rompimento de barragens de rejeitos?
As rupturas em barragens de rejeitos ocorrem principalmente por fenômenos naturais, como terremotos e tsunamis, e por falhas humanas, desde a escolha do local inadequado até problemas na operação e monitoramento. As falhas humanas, como fiscalização deficiente e ausência de manutenção, são a principal causa dos rompimentos de barragens no mundo.
Quais as alternativas promissoras para a disposição de rejeitos?
Existem alternativas promissoras, como o beneficiamento a seco, que utiliza a umidade natural do material e reduz a geração de rejeitos líquidos, e o aproveitamento da ‘lama de rejeito’ armazenada nas barragens, com estudos buscando aplicações eficazes desse material em diversas indústrias.
Qual a importância do monitoramento contínuo de barragens?
O monitoramento contínuo de barragens é essencial para garantir a segurança e estabilidade dessas estruturas. Profissionais capacitados e atualizados sobre as mais recentes tecnologias, softwares, equipamentos e técnicas de monitoramento desempenham um papel vital nesse processo, permitindo uma avaliação precisa e em tempo real da integridade das barragens.
Quais são os principais projetos de descomissionamento de barragens em todo o mundo?
A Vale anunciou recentemente que irá fazer o descomissionamento de suas dez barragens com o método de alteamento a montante, que foi utilizado nas estruturas que se romperam em Mariana (MG) e Brumadinho (MG). A empresa planeja esvaziá-las ou integrá-las ao meio ambiente em um processo de três anos e investimento de R$ 5 bilhões. Esse movimento da Vale faz parte de uma tendência global de busca por soluções mais seguras e sustentáveis para o gerenciamento de barragens de rejeitos.